quarta-feira, 5 de agosto de 2009


Hoje quando estava indo pro trabalho ouvi pela milésima vez a música Construção de Chico Buarque, que estava tocando no rádio. Tá certo, quem me conhece sabe a grande admiração que tenho por esse homem. Chico pra mim "É O CARA", arquiteto, músico, escritor, poeta, cantor...pra mim ele é incomparável, além dos belos olhos ardósias. Podem existir iguais mas nunca melhores que ele.

Já fui a 3 shows deles no Canecão, no Rio, e todos eles foram mágicos. A voz baixa, doce, melódica, praticamente deixa a pláteia em estado e hipnose, nada se houve além dele, nenhum ruído, nem tosse, nem pigarro, nada....só quem foi sabe como é.


Mas voltando ao assunto da música, fiquei pensando: Se compor é algo tão complexo como me parece, como alguém pode compor além de uma simples composição. Construção é uma aula de português, com suas últimas palavras proparoxítonas que se alteram no final de cada frase. É muita viagem, é por isso que muitos professores usam suas músicas nas aulas de literatura e português.


Em um mundo cheio de "créus", "chupa que é de uva", etc... Preservemos nosso Chico.


Até mesmo Jorge Vercilo, em sua música "Tudo o que eu tenho", escreveu o seguinte:


"Craque,Buarque de Holanda
Qual o anjo que te ronda quando raias a escrever?
e se o que chega aos seus ouvidos é divino pra você?"
Pelo visto, eu eu Jorge temos a mesma opinião. rs




Segue a letra de Construção:

"Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo

Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado"

Nenhum comentário: